Reticências (...) Omissão voluntária do que se podia dizer (...) Resolvi revela-las (...)

Minhas Pregações

Um Tesouro Perdido na Comunhão
Pr. Gladyston Santana
“Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.”
 (Mateus 22.37-39)
         Você esperou e se preparou por dois anos para um concurso importantíssimo. Era o seu sonho que estava prestes a ser realizado. Você nunca estudou tanto para isso, pela primeira vez estava seguro de todo o conteúdo. Sentias que estavas num ótimo momento. A vaga era sua. Então, um dia antes, você não acha o comprovante de inscrição, percebe que perdeu. O que você faria?
         Você passou um relacionamento com seu (sua) namorado (a) durante 4 anos. Noivaram. A cada dia vocês tem a certeza que querem se casar. Marcam a data do casamento, tem todo aquele preparativo. As famílias felizes e os convidados. Você compra as alianças, mas no dia do casamento, você não as encontra. O que você faria?
         Certamente você faria de tudo para encontrar tanto o comprovante quanto as alianças. Quando falamos em comunhão parece mais que este assunto é fazer chover no molhado. É um assunto tão falado que nos perguntamos: o que vamos falar de algo que já é tão mencionado? Começamos então com algumas perguntas habituais, o que é comunhão? O termo usado no grego para esta palavra é Koinonia, podendo ser entendida como: participação, comunicação, contribuição, intimidade, cooperação.  Conforme o dicionário Priberam (www.priberam.pt), comunhão significa participação em comum. Porém, o que mais define o que realmente significa comunhão, se encontra em Mateus 22.37-39 quando foi perguntado pelos fariseus qual era o grande mandamento da lei e Jesus respondeu que deveriam amar a Deus e também ao próximo como eles amavam a si mesmo, resumindo todos os mandamentos nestes dois. É bem certo que o contexto aqui não está sendo a comunhão, mas podemos aproveitar esta grande resposta de Jesus surpreendendo a todos os grandes doutores da lei da época, que resumiam seus relacionamentos à base da lei, sendo por isso opressores, acusadores, aprisionadores como o próprio Cristo denunciou em Mateus 23.4 ATAM FARDOS PESADOS DEMAIS E DIFÍEIS DE CARREGAR E OS PÕEM SOBRE OS OMBROS DOS HOMENS; ENTRETANTO, ELES MESMOS NEM COM O DEDO QUEREM MOVÊ-LOS”. O problema dos Fariseus, Saduceus, Escribas, dos religiosos era a falta de amor. E Cristo estava disposto a mudar esta realidade, não dos religiosos de plantão – a não ser que eles quisessem – mas do povo. Os religiosos, por conta da lei, viviam afastados do povo. Cristo tenta aproximar cada pessoa com esta lei máxima, que evoca o AMOR. Por isso, é importante afirmar que o amor a Deus em sua totalidade nos aproxima do próximo e de nós mesmos. Este amor em três indispensáveis dimensões é um tesouro perdido na comunhão de hoje. Não existe comunhão sem a presença prática do amor. Nenhum relacionamento consegue se manter por muito tempo se ambos resolveram expulsar o amor dando lugar ao egoísmo. A comunhão, para ser mantida, precisa da presença real do amor.

I
AMOR - Um Tesouro Perdido na Comunhão com Deus
         Certo dia eu estava voltando da cidade de Caruaru, onde fui comprar algumas coisas. Era noite e já não tinha ônibus suficiente. Quando viajo a Caruaru sempre vou por Limoeiro ou Vitória, muito mais econômico e também economizo tempo. Neste dia perdi o último ônibus. Eu agora precisava parar em Vitória e pegar o último ônibus para Recife e de lá voltar para Carpina. Que viagem longa teria que fazer e cansativa. Foi isso que aconteceu. Ao chegar em Vitória, tive que esperar 1 hora, não contava com isso. Peguei um bom livro e comecei a ler para passar o tempo. Quase ao meu lado no banco, sentou uma jovem senhora com uma filha nos braços. Ela demonstrava estar ansiosa por alguma coisa. Percebi isso por que ela se levantava e sentava sem nenhum motivo aparente, balançava as pernas constantemente, seus olhos não paravam de olhar para seu celular. Acho que a cada minuto ela olhava para seu celular ansiosamente. Então, não resisti e resolvi perguntá-la:
- Licença, por gentileza. A senhora está esperando alguma ligação importante?
- Sim, estou! Perdi o meu dinheiro, meus documentos, deixei-os em algum lugar e quando me dei conta todo o meu dinheiro para voltar para casa também.
- E você mora onde?
- Recife. Estou esperando uma ligação de meu tio que foi resolver lá na rodoviária de Recife, pagando minha passagem e só assim, poder voltar pra casa. Mas já estou aqui a 2 horas, já perdi 2 ônibus, agora vem o último e nada...
         A jovem senhora começou a chorar. Conversamos por mais um tempo, o ônibus chegou, eu fui ao cobrador e paguei a passagem dela, pedi para o mesmo entregar a ela. Não queria me identificar, como se fosse possível. Pois bem, quando sentei na poltrona, ela também sentou e agradeceu. Durante a viagem me identifiquei como Cristão, ela como desviada do evangelho. Conversamos durante toda a viagem. Uma das frases dela foi a seguinte:
- Eu errei no passado, fiz muitas  coisas que decepcionaram a Deus, durante 20 anos vivi afastada d’Ele. Nunca mais orei, pois sempre achei que Deus não me ouvi mais e não quer que eu tenha mais um relacionamento com Ele. Pastor, será que Deus quer ter ainda comunhão comigo? 
Respondi sem hesitar: - Você há 20 anos sem falar com Ele, hoje você estava aflita, ansiosa, com medo, desesperada, com uma filha nos braços, sem uma direção a exemplo dos seus 20 anos distante D’Ele... Mesmo assim, Deus te envia uma pessoa que te ajuda neste momento, te resgata do fardo de sofrimento. Você ainda tem dúvidas de que Deus quer você de volta? Você ainda não compreende que Deus quer se relacionar e restaurar a sua comunhão com Ele?
Na verdade associamos o nosso relacionamento com Deus como se fosse um cristal que quando quebrado nunca será mais o mesmo. Há pedaços que jamais recuperaremos e reduzimos a comunhão com Deus a isso. O relacionamento com Deus não é e nunca será irrestaurável. Se nós queremos ter uma comunhão com Deus, não importando o que fizemos no passado, precisamos AMÁ-LO DE TODO O CORAÇÃO, DE TODA A NOSSA ALMA E DE TODO O NOSSO ENTENDIMENTO. Devemos amá-lo na sua totalidade. Ou seja, devemos nos lançar, sem medo, não amor a Deus. É como se Deus nos pedisse: “Meu filho, me ame, se lance no meu amor”. Queremos, portanto, alertá-lo de uma coisa importante: AMAR O TRABALHO DE DEUS NÃO QUER DIZER QUE AMAMOS A DEUS. Vemos isso no exemplo de Cornélio em Atos 10.1-48. Cornélio era um homem “...piedoso e temente a Deus com toda a sua casa e que fazia muitas esmolas ao povo e, de contínuo, orava a Deus” (v. 2). Cornélio talvez era muito mais “crente” do que muitos “crentes” hoje. Era misericordioso, temia a Deus, um exemplo para sua família, ajudava pessoas necessitadas e ainda tinha uma vida de oração. Mas, faltava amar a Deus corretamente. Quando Pedro chegou para visitá-lo ele se ajoelhou para adorá-lo, demonstrando sua fragilidade (v.25-26). Que tipo de amor você tem para com Deus? Amor que gera comunhão com Ele ou temos algo que está acima do nosso amor a Deus?
II
AMOR - Um Tesouro Perdido na Comunhão com os Outros
         O grande amor de Cristo foi expresso através de palavras e ações por nós. Romanos 5.8 nos fala: “MAS DEUS PROVA O SEU PRÓPRIO AMOR PARA CONOSCO PELO FATO DE TER CRISTO MORRIDO POR NÓS, SENDO NÓS AINDA PECADORES”. Em Salmos 68.6 o salmista reconhece o amor de Deus até mesmo quando se sente mergulhado em sua solidão: “DEUS FAZ QUE O SOLITÁRIO MORE EM FAMÍLIA”. Em João 15.13 Jesus deixou claro a dimensão do seu amor por nós: “NÃO HÁ MAIOR AMOR DO QUE ESTE, O DE ALGUÉM DAR A SUA VIDA EM FAVOR DE SEUS AMIGOS”. Ninguém faria isso. Cristo fez. O amor de Cristo saiu da teoria para a prática, hoje vemos o amor mais na teoria do que na prática.
         Quando Cristo nos chama para a comunhão, nos deixa claro que o amor precisa ser o elo principal desta comunhão. Vejamos alguns textos:
ü  João 15.12 “O MEU MANDAMENTO É ESTE: QUE VOS AMEIS UNS AOS OUTROS ASSIM COMO EU VOS AMEI”
ü  Romanos 12.10 “AMAI-VOS CORDIALMENTE UNS AOS OUTROS COM AMOR FRATERNAL...”
ü  1º Tessalonicenses 3.12-13 “E O SENHOR VOS FAÇA CRESCER E AUMENTAR NO AMOR UNS PARA COM OS OUTROS E PARA COM TODOS...”
O verdadeiro discípulo de Cristo é revelado e conhecido quando este demonstra o amor na sua beleza e prática para com os outros, como diz João 13.35 “NISTO CONHECERÃO TODOS OS QUE SÃO VERDADEIRAMENTE MEUS DISCÍPULOS: SE TIVEREM AMOR UNS PARA COM OS OUTROS”.   
         Este é o amor que gera comunhão, o amor que dá, se entrega, mergulha, faz o outro se sentir melhor do que já é. É aquele amor que não exige troca, simplesmente ama porque Cristo nos ensinou assim. O amor que não procura motivos para amar... Decidimos amar, e pronto!
Mas não há como amar o próximo se não conseguimos amar a nós mesmos. Se não conseguimos amar a nós mesmos, como amaremos o outro? Se nem nós nos suportamos, como suportaremos o outro? Se nos falta paciência para nós mesmos, como desenvolveremos a paciência com os outros? A palavra de Cristo é: AME O PRÓXIMO COMO VOCÊ SE AMA. Sendo assim, se nós tratamos mal a alguém, denuncia a falta de amor que temos por nós mesmos. Se nós não perdoamos alguém, demonstra a falta de amor que temos por nós mesmos.
Conclusão
Eu e você, nós precisamos amar. Amor gera comunhão. Amar é reconhecer que por trás das pétalas de cada pessoa, são reveladas os espinhos. E teremos que amá-las por isso, simplesmente porque somos discípulos do Mestre do Amor: JESUS CRISTO.  




ATRAVESSANDO O VALE
Salmos 23.4
            Uma notícia que foi exaustivamente passada na mídia foi o ataque de um psicopata na escola do Rio de Janeiro, onde matou mais de 12 crianças. Todas com tiros na cabeça. Ele escolhia as suas vítimas, uma a uma. Após o ataque e de ter se matado, um pai que perdeu sua filha, desabafou para um repórter: “Meu mundo desabou. Sem minha filha minha vida não tem mais sentido. Me sinto o pior de todos os homens, estou num vale terrível”. O vale, expressado por este pai, significa sofrimento, saudade, dor, perda, morte.
            Davi também passou por momentos de vale. Nesta oração descrita em Salmos 23.4, DAVI CERTIFICOU-SE DE QUE APESAR DE PASSAR POR MOMENTOS DE EXTREMA DIFICULDADE, O SENHOR ESTARIA COM ELE. Não havia dúvidas e incertezas, para Davi, mesmo passando pelo vale da sombra da morte e experimentando o pior de todos os sofrimentos, Deus estaria com ele.
Sendo assim, MESMO PASSANDO PELO VALE DA SOBRA DA MORTE, DEVEMOS TER A CERTEZA DO CUIDADO DE DEUS POR NÓS. Deus tem interesse em estar conosco, mesmo nos lugares mais sombrios e tenebrosos que o vale possa nos oferecer.
I
NO VALE DEUS NOS DÁ A CERTEZA DA SUA COMPANHIA
            O texto é muito claro quando diz: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo” (v.4a). Davi poderia falar isso, pois teve uma experiência no VALE quando venceu o gigante Golias. Em I Samuel 17. 45-46a falou: “Tu vens contra mim com espada, e com lança, e com escudo; eu, porém, vou contra ti em nome do Senhor dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem tens afrontado. Hoje mesmo, o Senhor te entregará nas minhas mãos...”. Posso falar pelas experiências que temos visto e aprendido, que é no vale que somos confrontados com os nossos GIGANTES. É no vale que travamos as maiores batalhas em nossa vida. Mas é no vale que desfrutamos da companhia de Deus em nos dá forças para VENCERMOS OS NOSSOS GIGANTES. “NÃO TEMAS PORQUE EU SOU CONTIGO, NÃO TE ASSOMBRES, PORQUE EU SOU O TEU DEUS. EU TE FORTALEÇO, TE AJUDO, E TE SUSTENTO COM MINHA DESTRA FIEL”  (Isaías 41.10).
II
NO VALE DEUS NOS CORRIGE E CONSOLA
            Davi tinha a certeza de que, o fato de passar por um lugar hostil como o vale, Deus o corrigiria e também o consolaria quando diz: “...o teu bordão e o teu cajado me consolam” (v.4b).
            O VALE NÃO É SÓ LUGAR DE SOFRIMENTO, MAIS DE APRENDIZADO. Deus corrige rotas, poda as arestas. É no vale que encontramos o Deus que também nos corrige com amor. O cajado é usado para corrigir ou para consolar. A dor nos faz crescer e amadurecer. Tiago 1.3 diz: “sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança”. Quando estamos no vale, repensamos nosso comportamento, nossas escolhas que nos apressaram para estarmos no vale. Deus nos corrige. Deus quer o nosso melhor. Mas a correção de Deus também gera consolo. Mateus 5.4 nos fala: “Bem aventurados os que choram, porque serão consolados”.
CONCLUSÃO
Nem sempre estamos nos montes, nos lugares altos. Em diversas situações da nossa vida, desceremos aos vales. Mas, mesmo estando no vale, e atravessando por lugares sombrios e que tem cheiro de morte, Deus estará sempre ao nosso lado para nos corrigir com amor e nos consolar com ternura.